Olá, meninas!
Minha querida amiga Fátima Terada, proprietária do Espaço Shinsetsu - Saúde, Bem estar e Beleza, me enviou esse texto super bacana sobre maquiagem e um de seus principais nomes, Max Factor. Conheci a Fátima há muitos anos! Na ocasião, ela trabalhava em um grande banco e estava reavaliando sua carreira profissional. Hoje, após um grande planejamento, foco e, principalmente, ter escutado o seu coração e seu "chamado", trabalha com algo que gosta e lhe traz satisfação. Ela é uma das pessoas que me inspira a ter coragem para fazer a transição em minha vida profissional!
Segundo Fátima, "esse é um texto do Ruy Castro, que foi publicado em março/1997 no jornal O Estado de São Paulo. Este é um de muitos que trata de cinema, atores e curiosidades dos bastidores foram reunidos num livro chamado " Um filme é para sempre". São textos absolutamente deliciosos, cujo livro você consegue ler num final de semana. Devemos agradecer todos os dias, e de joelhos, por Max Factor ter dado o ar da graça aqui no planeta Terra. Ele é o pai da maquiagem moderna: pan-cake, rímel, sombra, cílios postiços foram invenção dessa figura espetacular. E tudo isso foi criado até os meados dos anos 30".
Vamos ao texto?
Fulano de Tal mudou a face da História - quantas vezes você já não ouviu essa expressão? Mas, a rigor, nunca houve alguém a quem aplicasse mais literalmente do que a Max Factor , o criador da maquiagem moderna. Factor foi um gigante de pouco mais de 1,50 metros que alterou a aparência feminina. Quando morreu, em 1938, aos 66 anos, pintar os olhos, faces e bocas deixava de ser um privilégio das atrizes e das mulheres suspeitas. Graças a ele, tornara-se uma prática corrente até nas melhores casas de família – bilhões de mulheres tinham se convencido de que não havia nada de errado em maquiar-se para ficarem mais bonitas. Se isso não é mudar a face da História, o que mais seria?
O que poucos sabem é que muitas inovações de Max Factor foram fundamentais também para a história do cinema – e, na verdade, foi o cinema que as provocou.
Factor e Hollywood estiveram juntos desde os primeiros filmes e pode-se dizer que, sem o gênio criador do homenzinho, os estúdios não poderiam ter inventado o cinema sonoro, o Technicolor, as filmagens debaixo d’agua e muitas coisas mais. E, sem Max Factor, um dos grandes motivos para ir ao cinema antigamente – as cenas de beijo – teria sido quase impraticável.
Um livro lançado há pouco tempo em Los Angeles , Max Factor’s Hollywood – Glamour, movies, make-up, de Fred E. Basten, narra essas sagas gêmeas e faz justiça a um nome que nos acostumamos e, para muitos, nem sequer existiu. Não será surpresa se, até agora, você próprio tiver achado que Max Factor era apenas uma marca de batom ou de uma lata de talco.
Mas Max Factor não só existiu como sua vida antes da fama já foi fascinante – daria, no mínimo, um conto de Gogol. Ele nasceu num bairro operário de Lodz, na Polônia, por volta de 1872 (a data é incerta). Seu nome verdadeiro era Faktor e seus pais, judeus pobres não puderam lhe dar instrução. Mas, aos oito anos, Max tornou-se assistente de um dentista que, além de extrair dentes, dava palpites sobre espinhas, brotoejas, queda de cabelo e tudo que se referisse à cabeça. Tempos depois Max foi trabalhar com um fabricante de perucas, eu lhe ensinou os mistérios de tecer cabelo humano, fio por fio, sobre uma rede de seda. Em poucos anos, ainda de calças curtas, ele próprio já seria um respeitado peruqueiro. Tão respeitado que a Ópera Imperial russa, ao passar por Lodz, levou-o para Moscou e tornou-o o seu peruqueiro e maquiador oficial. Max tinha apenas quatorze anos.
Em sua passagem pelo exército russo, servindo como assistente de um médico, Max aprendeu o que lhe faltava sobre crânio, pele e adjacências. De volta à vida civil em 1895, seus talentos chegavam aos ouvidos da família imperial, e o czar Nicolau II convocou-o à sua presença. Sem que lhe dessem o direito de piar, Max foi nomeado perito imperial em cosmético para toda a corte russa e, pelos nove anos seguintes, viveu numa escravidão dourada. Tinha de ficar full time nos palácios, vigiados pelos guardas e à disposição dos nobres – a corte russa era uma permanente fuzarca. Só lhe permitiam ir à sua casa uma vez por semana, durante uma hora. Pois, nesse ridículo espaço de tempo, Max conheceu, namorou e se casou com a sua vizinha Lizzie (por sinal, muito feia) e lhe fez três filhos. Em 1904, usou seu talento para libertar-se: maquiou-se para parecer doente, o czar deu-lhe folga por alguns dias e Max fugiu da Rússia com a sua família para os Estados Unidos.
Ao desembarcar em Ellis Island , Faktor virou Factor. Foi para St.Louis, no Missouri, onde abriu uma barbearia, cuja maior atração era uma chuveirada por 25 centavos – poucas casas nos Estados Unidos tinham água encanada e os banhos, semanais, se davam na velha tina. O salão foi um sucesso, mas cortar cabelo era pouco para suas ambições. O que Max queria era fabricar perucas e criar cosméticos, como na Rússia. Em 1908, ouviu dizer que várias companhias de teatro estavam começando a se estabelecer em Los Angeles para fazer filmes. O cinema ainda estava nos cueiros, mas parecia promissor. No ano seguinte, Max juntou a família e apretrechos, mudou –se para lá a fundou a Max Factor and Company.
Em 1914, ele convenceu Cecil B.DeMille de que as perucas dos índios de araque de sua superprodução Amor de Índio (The squaw man) deviam ser feitas com cabelos de verdade. Até então, as perucas do cinema eram de palha, lã ou folhas de fumo. Pois nunca mais seriam. Para se ter uma idéia da importância de Factor no cinema: um dos primeiros grandes cowboys da tela, Tom Mix, achava pouco másculo deixar-se maquiar, e insistia em filmar com a cara lavada. Se a cena fosse rodada em estúdio, com luz artificial, tudo bem. Mas o rosto lavado fotografava mal na película superexposta à luz da Califórnia - a boca não aparecia e o ator ficava com cara de manequim de vitrine. Mas convenceu Tom Mix de que um batonzinho aqui e uma roseta de carmim ali não lhe faziam mal. Mix aprovou o resultado e, com isso, os outros atores, machos pra burro, também aderiram à dobradinha batom e rouge. Foi ainda Max quem convenceu os primeiros diretores de que a maquiagem exagerada do teatro não se aplicava ao cinema – esta tinha que ser mais sutil e capaz de resistir ao calor das lentes. Com seu conhecimento de química, começou a criar produtos que não ressecassem e trincassem na cara do ator quando ele ria. Os primeiros beneficiários foram os atores mais careteiros, como o gordo Fatty Arbuckle (Chico Bóia), o vesgo Bem Turpin e o próprio Carlitos.
Para cada filme ou estrela, Factor inventou um produto que depois de tornaria de uso geral. Para a atriz Phyllis Haver, ele criou em 1917 os cílios postiços. Para Mãe Murray, em 1921, o pompom para aplicar o pó-de-arroz. Para Douglas Fairbanks, em 1924, um tipo de base imune à transpiração. Para Greta Garbo, em 1925, o rímel e a sombra. Para Rex Ingram, em 1926, a maquiagem à prova d’agua. Para Jean Harlow, em 1929, o cabelo descolorido – nascia a platinum blonde. O próprio cinema sonoro só foi possível porque Factor tornou a maquiagem resistente ao calor dos refletores durante as longas tomadas em que os atores e técnicos ainda se atrapalhavam com os microfones.
Quando o Technicolor começou a entrar em uso, em fins dos anos 30, a mesma coisa: a maioria das atrizes não gostava de filmar em cores porque o novo processo as transformava em palhaças. Mas Max descobriu o equilíbrio entre a maquiagem e o filme em cor, e isso garantiu o estrelato de Viven Leigh, Betty Grable, Carmem Miranda, Maria Montez, Judy Garland e, depois, Lana Turner, Hedy Lamarr. Foi Max quem criou os lábios polpudos de Joan Crawford. Foi ele também que eletrolisou a testa e as sobrancelhas de Margarita Cansino e a transformou em Rita Hayworth. Para que não se diga que Max só cuidava das estrelas, foi ele quem maquiou Al Jolson em O cantor de jazz (1927) e Boris Karloff em Frankestein (1931) e A múmia (1932). E, ao contrário do que se pensa, o sangue de mentira usado nos filmes não era xarope, mas uma fórmula de Factor. Sua grande invenção em vida foi o pan-cake, para o filme Vogas de Nova York (1937). O filme evaporou-se, mas o pan-cake nunca mais sairia de cena.
Do ponto de vista masculino, as criações mais impressionantes de Factor foram as perucas. Acredite ou não – mesmo em filmes dos mais antigos – você nunca viu Fred Astaire, John Wayne, James Stewart, Bing Crosby, Gene Kelly, Ray Milland, Humphrey Bogart, Frank Sinatra e muitos outros sem peruca. Sim, desde o começo, todos eram carecas ou tinham cabelo ralo. Mas Factor criara um tipo de peruca ultra-realista que, mesmo depois de sua morte, continuou a ser fabricada em seu salão. Tudo, até mesmo a base, era feito com cabelo de verdade. Com elas, o ator podia pentear-se à vontade, receber cafuné, mergulhar e pintar os canecos com elas, e ninguém diria que aquele não era o seu verdadeiro cabelo. As perucas só iriam se tornar ridículas e artificiais a partir de 1972, quando começaram a ser feitas com material sintético.
Quando Factor morreu em 1938, seu filho Max Factor Jr assumiu as operações e tocou o barco com grande competência até aposentar-se, nos anos 60. Em 1950, a Max Factor existia em mais de cem países, inclusive no Brasil, e movimentava milhões em vendas e publicidade. Foi a grande época do glamour, do requinte e da sedução.
Mas, como sabemos, muita coisa mudou nas décadas seguintes – os jovens do mundo inteiro adotaram o molambo como peça do vestuário e muitas mulheres passaram a se sentir culpadas por ser bonitas e glamurosas. A indústria de maquiagem tentou adaptar-se, inventando produtos que parecessem mais naturais, mais o golpe foi profundo. O próprio cinema refletiu esse golpe: os filmes ficaram muito sérios durante os anos 70 e 80, e os atores tinham de ser grossos, horrendos ou mal barbeados. Foi a época de Lee Marvin, Charles Bronson, Clint Eastwood e, não por coincidência, zero de estrelas entre as mulheres. O grande nome daquele tempo, Jéssica Lange, era a namorada do King Kong.
Essa tendência, felizmente está revertendo. Surgiram Demi Moore, Julia Roberts, Michelle Pfeiffer, Sharon Stone e até Madonna. Nenhuma delas é atriz, mas e daí? O glamour, como Max Factor o entendia, está de volta.
Para quem quiser entrar em contato com a Fátima, acesse o site www.espacoshinsetsu.com.br ou ligue no telefone (11) 2306-7220. Eu recomendo!
Espero que tenham curtido o texto!
Beijos!
Rosana Rodrigues.
Amei o texto Rô!
ResponderExcluirTrabalhar sem trabalhar dá nisso, a inspiração e a criatividade afloram sem esforço quando fazemos o que amamos! É só prazer!!!!
Histórias assim inspiram!