Em Abril de 2006, aos 32 anos, eu tive a minha primeira oportunidade de morar fora do país. Fui para Vancouver, no Canadá, uma das melhores cidades no mundo para se viver. Foi uma experiência fantástica, que me fez aprender muitas coisas pelo amor e, também, pela dor...
Essa foi uma transição bastante desafiadora por diversos motivos. Mudar de país quando minha carreira estava em total ascensão foi um deles. Comecei a trabalhar aos 18 anos, com o objetivo de me tornar uma respeitada executiva na área de Recursos Humanos. Tudo corria bem e eu estava prestes a me tornar sócia de uma consultoria, quando surgiu a oportunidade de largar tudo – trabalho, família, amigos, segurança financeira – para me aventurar em um país sobre o qual eu não sabia praticamente nada. Isso sem falar na utilização das minhas economias para patrocinar minha moradia e estudos durante os 4 meses que ficaria lá.
Alguns dos meus objetivos eram aprimorar o inglês, fazer mais um curso de formação profissional em coaching, conhecer uma cultura diferente e, é claro, passear e descansar. Tudo correu muito bem, aliás, melhor do que o planejado! Voltei com mais fluência no inglês, com o certificado de uma das melhores escolas de coaching do mundo, extasiada pela qualidade de vida que a cidade de Vancouver promove aos seus habitantes e, principalmente, com um anel de noivado no dedo e um pedido de casamento!
Foi a maior e a melhor experiência que já vivi até agora! Isso disparou em mim um processo de reavaliação dos meus valores, dos meus sonhos, que me fez rever todas as minhas crenças e paradigmas. Se passar por tudo isso quando se é bastante jovem, entre 15 e 20 anos de idade, é difícil, imaginem quando se tem mais de 30 anos, onde algumas crenças já começaram a se cristalizar, quando a carreira finalmente começou a tomar a forma desejada, quando se acredita que o seu jeito de viver e fazer as coisas é o melhor...
A volta ao Brasil foi temporária, apenas para finalizar compromissos que eu já havia assumido. Em Março de 2007 lá estava eu novamente no Aeroporto Internacional de Guarulhos, com muitas malas e pagando excesso de peso pelas bagagens, porque, dessa vez, eu acreditava que iria para Vancouver para nunca mais voltar... Foram quase mais 2 anos, vivendo intensamente a cultura dessa cidade que, apesar de muito jovem, está anos luz à frente do nosso país! A minha rotina era muito diferente daquela que eu enfrentava aqui: morar com um companheiro pela primeira vez, clima diferente, comida diferente, amigos diferentes, maneiras diferentes de se relacionar com as pessoas e de fazer as coisas.
No início, foi inevitável fazer comparações entre lá e cá. Muitas vezes eu me peguei defendendo arduamente os nossos costumes, criticando e até ridicularizando o jeito dos vancouverites (residentes de Vancouver) fazerem as coisas. Mas depois, quando passei e entender melhor os motivos pelos quais eles agiam, passei a admirar o seu estilo de vida, o respeito pelos outros, a educação e a simplicidade com a qual tentam viver suas vidas.
Hoje, 2 anos e meio depois de volta ao Brasil e muita reflexão, tenho mais clareza sobre o que é bom aqui em nossa cultura e o que é bom na cultura canadense. No entanto, eu certamente não sou mais a mesma pessoa que decolou no vôo de 21 de Abril de 2006...
Ao ler uma pequena matéria no website www.ig.com.br sobre a dificuldade de readaptação que muitos passam ao voltar para o Brasil, especialmente depois de viverem em países desenvolvidos, tive a certeza de que não sou a única que sofreu e ainda sofre para se encaixar no “esquema”. Nessa matéria, a psicóloga Simone Ericksson, especializada em atendimento psicológico a pessoas em transição cultural, dá algumas dicas para quem está fora e vai voltar para o Brasil, evitando ou amenizando esse estranhamento que sentimos nesse processo de mudança:
- É bom manter o contato com a família e amigos com frequência, sobretudo para quem vai ficar mais tempo. Manter uma base forte aqui faz toda diferença na volta;
- Escolha com critério para quem você vai contar sobre a experiência, para evitar passar impressões erradas;
- Manter uma rotina ajuda na sensação de ter um lar. “Lar é a sensação de segurança que a casa passa para você. Os seis meses iniciais de quem muda muito são difíceis porque a casa não te dá essa segurança e a rotina ajuda”;
- É importante planejar financeiramente o retorno, sobretudo para jovens. “Lá fora, jovens adultos conseguem se sustentar muito mais facilmente. Voltar a depender dos pais e aceitar as regras da casa é difícil”;
- O ideal é aproveitar o país mais desenvolvido para estudar e trazer alguma coisa além da língua. Falar inglês é o mínimo que o mercado cobra e não garante mais emprego;
- É importante ter um plano para o retorno. Quem sai do Brasil com uma carreira iniciada precisa manter os contatos e se atualizar. Começar uma carreira fora pode deixar você sem se integrar nem lá nem aqui;
-Não tenha vergonha de procurar ajuda no retorno se sentir que adaptação está sendo mais difícil do que o esperado.
Eu gostaria de acrescentar algumas outras dicas a essa lista, mas agora para quem está indo ou já está morando fora do Brasil:
- Evite as comparações entre as culturas. Não há certo nem errado. Cada povo se comporta de acordo com a história de suas origens. Todo comportamento tem uma explicação e quando abaixamos a guarda e exploramos os porquês desses comportamentos, passamos a entender e, quem sabe, a admirar a outra cultura;
- Se você está em outro país, tente se adaptar aos hábitos e costumes das pessoas desse lugar. Procure estabelecer relacionamentos com os nativos, ao invés de ficar procurando outros brasileiros para formar a famosa “panelinha”. É no contato com as pessoas do primeiro grupo que você realmente vai aprender algo novo e fazer sua viagem valer a pena!;
- É muito mais elegante respeitar e demonstrar interesse genuíno pelos outros do que criticar ou ficar falando apenas de si mesmo e de como você age em seu país. Você está no ambiente deles, não o contrário;
- Esteja aberto ao novo, deixe a sua curiosidade trabalhar para seu desenvolvimento. Não faça apenas os passeios turísticos convencionais: tente explorar a cidade, fazer coisas que os moradores normalmente fazem. Eu, por exemplo, tive que aprender a pedir ao costureiro para fazer as barras da minha calça, ir ao banco para abrir uma conta corrente, passar em consulta médica e explicar meus sintomas para conseguir um simples remédio para dor de estômago e, mais interessante de todas, fazer terapia!!!!;
- Como eu já possuía uma carreira estabelecida aqui no Brasil, fiz de tudo para manter o foco na minha área de atuação, sem me desconectar com meus colegas de profissão daqui, e também associando-me a grupos formais e informais de profissionais da minha área e de áreas relacionadas lá. Durante os quase 2 anos que morei em Vancouver, fiz um estágio na área de Student Enrollment & Sales na escola de coaching onde me formei e mesmo depois de estar de volta ao Brasil, cheguei a receber uma proposta para voltar a trabalhar lá;
- Para encerrar, quero reforçar a dica da psicóloga Simone Ericksson sobre com quem compartilhar sua experiência internacional: como nem todas as pessoas, até mesmo aquelas que já moraram fora do Brasil, absorveram essa experiência da mesma maneira que você, tome cuidado para não parecer arrogante, chato ou até mesmo repetitivo, especialmente se você adorou! Eu mesma passei por isso (obrigada amigas, por me aturar!) e ainda preciso me policiar.
Só quem mergulhou de cabeça nesse processo talvez entenda sua nostalgia, euforia, tristeza, ansiedade, saudade, frustração, empolgação e tudo mais que vem no pacote dessa experiência. Mesmo com todas as adversidades que você pode encontrar morando fora de seu país de origem, essa é uma experiência que eu ALTAMENTE recomendo! Como eu disse no início, ela pode trazer alguma dor, mas uma dor que estará acompanhada de aprendizado e evolução que jamais serão tiradas de você!
Rosana Rodrigues
I still haven´t found what I´m looking for...
ResponderExcluirRo, adorei seu post!
Acho que temos de seguir buscando tudo o que aqueça o coração (é um título de um livro de auto ajuda... que piegas!).
Eu estou seguindo, continuo com minha marca de moda praia, mas como precisava de caixa inicie a busca de volta ao mundo corporativo.
Estou curtindo uma oportunidade maravilhosa: sou Gerente de Comunicação de uma indústria dermo-cosmética (TUDO a ver com seu blog, vou te arrumar umas amostras).
Voltei ao que gosto muito de fazer: comunicação. E entrei em um segmento que também adoro: beleza e saúde (como vc).
E ainda vou poder juntar um dindin para investir na minha empresa e seguir adiante.
Amo viajar.
E acho que a grande viagem mesmo fica por conta de nossas experiências de vida, a cada momento, com cada pessoa próxima.
Tô curtindo seu blog.
E vamos seguir com nossas buscas.
Parabéns! Muito bom! Torcemos para que tudo dê certo! Alvaro.
ResponderExcluirOi, Cris! Fiquei feliz em saber de seu novo desafio! Parabéns! Também ADOREI a ideia das amostras! O blo está à sua disposição, também para mostrar a sua moda praia, viu? Sei que estou te devendo um encontro para fofocarmos e trocarmos ideias. Vamos marcar? Que tal no próximo final de semana? Super beijo em MUITO obrigada pelo apoio! Rô.
ResponderExcluirRô, querida... Prometo comentar o que li com calma depois. Adorei seu blog, sua disposição e sua alegria em se jogar nesta nova aventura, dividindo pensamentos, dicas, toques e momentos seus de forma tão fresca e leve.
ResponderExcluirEste blog não vai servir só pra se falar da beleza do corpo, do rosto... Vai servir pra falar sobre a beleza da vida e de tudo o que ela nos oferece.
Tô nessa com vc.
Beijos e sorte, queridona!